Jalapão

Diante do crescimento de visitação para conhecer os atrativos recém divulgados pela mídia nacional, acrescida da motivação de compras de artesanato de capim dourado, um grupo de docentes e mestrando(a)s da UFT ( Curso de Engenharia Ambiental e Mestrado em Ciências do Ambiente) desenvolveu entre os anos de 2005 à 2007 uma série de iniciativas de pesquisa no Jalapão. Naquele tempo era muito debatido o custo da oportunidade de desenvolvimento local através do potencial de expansão das atividades turísticas, sobretudo diante dos danos ambientais já percebidos pelas pesquisas, ainda decorrente de um fluxo turístico modesto e sazonal.

O Parque Estadual do Jalapão ainda vivia tempos de "debutante" no cenário turístico nacional como destino de aventuras, não de ecoturismo, pois a realização de vários tipos de rallys off road promoviam uma idéia de que visitar o Jalapão era apenas para superar, à força do motor do veículo, as estradas arenosas da região e ganhar como premiação uma banho numa cachoeira ou fervedouro...

Eis que essa promoção de mídia formatava o desejo por mais "aventureiros" de motos, gaiolas e demais 4x4s... estimulando mais desafiantes à natureza do Jalapão, provocando pressão antrópica sobre um frágil ecossistema de transição de cerrado / caatinga / floresta estacional de fundos de vales... Por outro lado vinha surgindo uma outra frente de atuação movida pela percepção que a região tinha uma vocação para o ecoturismo, para incentivar um fluxo com perfil de visitantes em busca de contemplação da natureza e valorizando também a cultura local.

Percebemos então em campo que os conflitos de interesse eram sérios e crescentes... seja entre o setor público com o privado e entre o próprio setor privado... Em 2006 apresentamos os resultados de uma grande pesquisa integrada, apoiada pela Fundação O Boticário, que legou ao Parque Estadual do Jalapão o primeiro levantamento da capacidade de carga dos atrativos abertos à visitação, bem como um plano de monitoramento ambiental para fins de efetividade de proteção e qualidade da experiência para o ecoturista.... assim apresentamos em uma audiência pública na cidade de Mateiros para o poder público local e os "donos" de atrativos.... autarquias de estado, comunitários e proprietários rurais envolvidos com a questão.

A fim de proporcionar maior amplitude de conhecimento público transformamos também os resultados da pesquisa num novo produto: a Cartilha Jalapão Turismo Consciente, numa versão de educação ambiental e orientação aos visitantes à região.

Eis que durante o Seminário foram enfatizados essas preocupações, colocando lado-a- lado academias, agentes públicos, terceiro setor e privados. Em suma os representantes do setor público afirmavam que faltava a aprovação de alguns instrumentos jurídicos de governança na esfera estadual como a Política Estadual de Biodiversidade, o fortalecimento operacional do próprio órgão de execução da política ambiental do Estado e a concessão de serviços públicos em áreas de unidades de conservação à operação privada para firmar um ordenamento territorial e comercial das operações turísticas.